segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Casas...

Casas, quartos, espaços, paredes...
Memórias, cheiros, sons...
Estas últimas semanas têm sido semanas de procura de casa: áreas, pé alto, estacionamento, caixilharia, exposição solar, são expressões que passei a dominar. =)
Neste espirito comecei a pensar em todas as casas da minha vida e percebi quão apegada a paredes sou.
Cada vez que me venho embora de Luanda dou uma volta pela casa para absorver todos os cheiros, guardar as manchas das paredes, gravar os sons que lhe são próprios.
Aquela casa, e só aquela, guarda o ladrar do meu cão, os seus pêlos que teimam em resistir às limpezas, o cheiro a queimado dos meus primeiros bolos, as lágrimas dos primeiros desgostos de amor... O silêncio daquela casa embalou noites e noites de estudo, quando os livros teimavam em não sorrir.
Adoro chegar à casa de Luanda, cheira a casa-casa, a mamã e papá, a sol e torradas.
A casa de Lisboa conseguiu, a custo, tornar-se também na "minha casa"... Começou por ser apenas o quartel-general da confusão, com perucas de Cleopatra misturadas com chapéus de fada e garrafas de vinho branco... Foi-me conquistando sem dar conta e agora adoro chegar e ter que procurar lugar para estacionar no labiritinto de carros que se vai formando, ouvir o dedilhar de uma viola algures e cumprimentar a vizinha de cima que me pergunta sempre em que andar moro...
Acho que é normal gostarmos das nossas casas, o mais engraçado é que não me limito a ser apegada a paredes que me pertencem, também sinto a falta das paredes alheias lol.
Adorava a casa da BabyDoll, acordávamos e bastava dar uns passos para ver o mar, cheirava sempre a praia e parecia que estávamos sempre de férias...
A casa da pomp foi o nosso quartel-general em Luanda, de jantares, de dormidas, de estudo... A casa da pomp cheirava a bolo de fécula feito pela Esperança, a tintas e verniz das transformações da Eduarda... Na casa da pomp travámos conhecimento com Freud, Kant e Durkheim e íamos dando em malucas.
Havia também a casa do Mussulo, casa de todos nós, decoração espartana (Mirabilis depois explica à pomp o que isto quer dizer) mas a melhor do mundo!!
Amava a casa da Mirabilis e da Jade! Começando na Luaty que me mordia à chegada e à partida até aos vizinhos que ocuparam terreno alheio, passando pela casa-de-banho, a maior que já vi na minha vida! A casa das manas cheirava a uma mistura de chocolate com cigarro, não sei porquê chocolate mas sei que sim... O Chanel 0 era a banda sonora de um filme que se passava na net e o ruído de teclar no computador já fazia parte do silêncio da casa...
Havia também a casa da Opala, em que o ritmo era ao contrário, a noite era dia e o dia era noite...
Amei cada uma das vossas casas, gosto das actuais também, mas tenho saudades destas, das antigas, cheias de memórias, cheiros, sons.
Tenho saudades da minha casa de Luanda, vou ter saudades da minha casa de Lisboa e tenho saudades das vossas casa antigas que um dia foram de todas nós.

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